3 - Doentes da Região Norte ficam novamente prejudicados



Nota de Imprensa 09/01/2015

Concurso de Medicina Geral e Familiar
Doentes da Região Norte ficam novamente prejudicados


No dia 24 de Dezembro de 2014 foi aberto o concurso para a colocação dos especialistas em Medicina Geral e Familiar que concluíram a sua formação em Outubro de 2014. Pela primeira vez, a responsabilidade destes concursos ficou sediada na Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) em vez de estar atribuída a cada uma das Administrações Regionais de Saúde (ARS), como tem sido habitual.

Neste concurso, agora aberto, foram atribuídos à Região Norte 21 lugares de colocação de médicos de família. Mais uma vez trata-se de um concurso fechado.

Em Outubro de 2014 finalizaram a sua formação específica em Medicina Geral e Familiar 29 internos, na Região Norte. Estes recém-especialistas, na semana a seguir ao término da formação, foram mobilizados para locais carenciados, dentro da Região Norte, com utentes sem médico de família, com indicação de que seriam provavelmente colocados nesses locais neste concurso, sendo esta a prática habitual dos concursos anteriores.

Assumiram desde Outubro ficheiros de utentes, apresentando-se como os seus novos médicos de família, começando a estudá-los e acompanhá-los.

A região Norte é a única região que aloca profissionais recém especialistas, após a conclusão do internato, para locais onde há falta de médicos de família, enquanto aguardam colocação definitiva.

A base da Medicina Geral e Familiar é a relação entre o médico e os seus utentes, um acompanhamento prolongado em que se aposta na educação para a saúde e na prevenção da doença, no acompanhamento das doenças crónicas e não apenas na reacção imediata a doenças agudas.

A ACSS, no documento justificativo de atribuição de vagas pelas várias ARS, assume que o Norte tem uma carência de médicos de família de 144 médicos (calculado pelo número de utentes sem médico de família e pelo número de médicos com mais de 65 anos).

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) considera inaceitável a retirada de recursos necessários no Norte do país para outras regiões, obrigando recém especialistas a saírem de locais onde são necessários e onde assumiram já listas de utentes, que se verão de novo sem médico de família.

Serão cerca de 15 000 utentes a quem foi atribuído um médico de família que voltarão a não ter quem os acompanhe!

É uma falta de respeito para com os doentes e para com os profissionais de saúde.

O CRNOM, no limite das suas competências, vai desenvolver todos os esforços para defender os doentes e combater a ilegalidade e falta de equidade deste tipo de concursos.

 

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos

Porto, 09 de Janeiro de 2015