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Investigadores americanos descobriram que um fármaco experimental é capaz de impedir a progressão da esclerose múltipla, sugere um estudo publicado na revista “Neurology: Neuroimmunology & Neuroinflammation”.
A esclerose múltipla é uma doença do sistema nervoso central na qual o sistema imunológico danifica a bainha de mielina, uma estrutura que protege as fibras nervosas, afetando a forma como as células nervosas do cérebro e da espinal medula comunicam entre si. Atualmente, não existe cura para esta doença.
No entanto, os investigadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, descobriram, em experiências realizadas em ratinhos, que o fármaco experimental laquinimod é capaz de impedir o desenvolvimento da esclerose múltipla ou abrandar a progressão da doença.
O laquinimod é um fármaco que se encontra em desenvolvimento para a esclerose múltipla recorrente-remitente e a esclerose múltipla progressiva primária. A esclerose múltipla recorrente-remitente é caracterizada por recidivas recorrentes e inesperadas. Apesar de em cerca de 80% dos pacientes a doença começar sob a forma de esclerose múltipla recorrente-remitente, a maioria desenvolve esclerose múltipla secundária progressiva após 10 anos, na qual há um aumento gradual da incapacidade, sem períodos de recuperação.
Ainda não se conhece ao certo a forma como o laquinimod funciona. Contudo, tem sido sugerido que o fármaco altera o comportamento das células imunitárias, impedindo que estas entrem no cérebro e na espinal medula, diminuindo assim os danos na mielina. Alguns estudos também têm sugerido que o laquinimod tem propriedades anti-inflamatórias e é capaz de proteger a estrutura e a função das células nervosas.
Neste estudo, os investigadores administraram, diariamente, a ratinhos que desenvolviam esclerose múltipla espontânea, laquinimod ou um placebo. Posteriormente, foi analisada a quantidade de dois tipos de células imunitárias; os linfócitos T e os B. Estas células ajudam, habitualmente, o sistema imunitário a desenvolver imunidade contra as infeções. No entanto, na esclerose múltipla, os linfócitos T e B ajudam a produzir anticorpos que atacam e destroem a mielina.
O primeiro estudo, que incluiu 50 ratinhos, demonstrou que 29% dos animais tratados com laquinimod desenvolveram esclerose múltipla, comparativamente com os 58% aos quais foi administrado o placebo. Foi também observada uma redução de 96% nos aglomerados prejudiciais de linfócitos B, apenas encontrados nos indivíduos com esclerose múltipla progressiva.
No segundo estudo, que incluiu 22 ratinhos, o laquinimod foi administrado após os animais terem desenvolvido paralisia. Foi observada uma redução na progressão da doença. Comparativamente com os ratinhos que receberam o placebo, aqueles tratados com laquinimod apresentaram uma diminuição de 49% das células dendríticas que ajudam a produzir células T especializadas, uma redução de 46% nos linfócitos T e uma diminuição de 60% nos anticorpos prejudiciais.
Os autores do estudo referem que estes resultados são prometedores e fornecem esperança para os indivíduos com esclerose múltipla progressiva. No entanto, uma vez que as experiências foram realizadas em ratinhos, são necessários mais estudos antes de se saber se o fármaco pode, de facto, conduzir a efeitos semelhantes nas pessoas.