Data

21 Out 2016



Fonte

ALERT Life Sciences Computing, S.A.





Partilhar
Partilhar no Facebook Partilhar no Twitter



Enxaquecas podem ser provocadas por bactérias na cavidade oral?

Estudo publicado na revista ''mSystems''

Investigadores americanos constataram que os indivíduos que sofrem de enxaquecas albergam elevadas quantidades de um tipo específico de bactérias que têm a capacidade de modificar os nitratos, revela um estudo publicado na revista “mSystems”.

Apesar de ainda não se conhecer ao certo qual o mecanismo envolvido nas enxaquecas, já foram identificados vários desencadeadores, incluindo alterações hormonais, esforço físico, tempo e stress. Adicionalmente, também tem sido sugerido que alguns alimentos que contêm nitratos, como é o caso do chocolate, carnes processadas e vinho, também possam desencadear as enxaquecas.

Para além dos alimentos referidos, os nitratos também podem ser encontrados nos medicamentos e serem reduzidos a nitritos pelas bactérias presentes na cavidade oral. Quando presentes na circulação, estes nitritos podem ser convertidos em óxido nítrico.

O óxido nítrico pode ajudar na saúde cardiovascular, uma vez que melhora o fluxo sanguíneo e reduz a pressão arterial. No entanto, cerca de quatro em cada cinco pacientes cardíacos que tomam medicamentos com nitrato para dores no peito ou insuficiência cardíaca congestiva apresentam como efeito secundário dores de cabeça.

De forma a tentar aprofundar esta temática, os investigadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, sequenciaram as bactérias presentes em 172 amostras orais e em 1.996 amostras fecais de indivíduos saudáveis. Os participantes tinham previamente preenchido um questionário onde indicavam se sofriam de enxaquecas.

O estudo apurou que a quantidade de espécies bacterianas encontradas nos indivíduos com e sem enxaquecas era diferente. Relativamente à composição da comunidade bacteriana, não foram observadas grandes diferenças nas amostras orais e fecais dos indivíduos que sofriam de enxaqueca, comparativamente com aqueles que não sofriam.

Posteriormente, foi utilizada uma ferramenta bioinformática, a PICRUSt, para analisar os genes que estavam presentes nos dois conjuntos de amostras. Nas amostras fecais dos indivíduos com enxaqueca foi encontrado um aumento pequeno, mas estatisticamente significativo, na abundância de genes que codificavam para enzimas associadas ao nitrato, nitrito e óxido nítrico. Nas amostras orais, estes genes eram significativamente mais abundantes nos indivíduos com enxaqueca.

Embriette Hyde, uma das autoras do estudo, referiu que se sabe que a cavidade oral alberga bactérias redutoras do nitrato. Os cientistas acreditam que esta via é vantajosa para a saúde cardiovascular.

Com base nestes achados, os investigadores têm agora também uma possível ligação com as enxaquecas, apesar de ainda não se saber ao certo se estas bactérias são a causa ou resultantes das enxaquecas, ou se estão indiretamente envolvidas de uma outra forma.